sábado, 21 de fevereiro de 2009



"De mãos dadas
atravessaremos esses becos, avenidas e estradas
à procura de uma trilha
(sonora)
que nos leve a um canto
(afinado)

Marla de Queiroz



"Que nada nos defina. Que nada nos sujeite.
Que a liberdade seja a nossa própria substância"
(Simone de Beauvoir)




VAMOS FUGIR?

Do outro lado do mundo
tem um lugar onde possamos amar!
Onde daremos a volta ao mundo
nas asas de uma borboleta.
Amaremos em cachoeiras
e mergulharemos no suor a sonhar.
Nos aproximaremos do céu
na união mais perfeita!

Escreveremos nossos nomes
com estrelas a brilhar!
Nos amaremos nas nuvens
entre luzes a reluzir carinho...
Somente neste lugar acalentará
meu coração que não cansa de chorar.
Fugiremos para enfrentar os espinhos
que cruzem nossos caminhos!

E no encanto de nossos corpos
brindaremos num ritual animal.
Serei eu tão feliz que darei cambalhotas
e voarei com gaivotas...
Serei uma fera de desejo
ou um passarinho a proteger seu ninho
Dançarei nesta fuga louca
e te prometo que não terá mais volta!
Vamos fugir?

Marisa Torres

Como posso te esquecer
Se Tu és a melodia
Que toca em meu Ser
A saudade que lateja
No intimo da alma
A lembrança terna
Quando estou sozinha




Como posso afastar
Se mais forte que eu
É esse sentimento
Que te traz no pensamento
E fixa na memória
Que abala as estruturas
E muda toda a história




Como posso dizer não
Quando só penso no Sim
Se atada estou em Ti
E as amarras são fios
Perdidos em mim
Se já não descubro
Onde é inicio ou fim




Como posso ignorar
O que nasceu por dentro
Se chegaste de surpresa
Encantando meu mundo
O que desbotou colorindo
O que apagou iluminando
E meu coração apaixonando!


(Tatiana Moreira)
O jeito que ele me olha é que me inspira e desgoverna. Um jeito que me conhece no derramado de dedos que convidam. De quando eu peço abraço quando ele quer me dar, mas faço tudo quase num contorcimento de dor, e ele acha bom eu ser intensa. E a voz sem sossego, o corpo pronto e quente sempre. E, se ele demorou tanto, nós sabemos: amor também precisa amadurecer ou maturar na arnica, feito remédio. Nunca tive muita impaciência na espera, ele sabe. Pude pular de galho em galho e ir embora quando meu coração não queria ficar, enquanto. E, das vezes que quis ficar e não tive espaço, entendi. Funciona quase como o mesmo modo de quem faz ninho para um só passarinho, aquele todo especial. Mas eu exerci meu par de asas. E fui feliz com as paisagens que sobrevoei. Aí, quando eu menos esperava, ele chegou encompridando alegrias tão amenas, tão bestinhas. Fui compreendendo aquela falta de desespero. Eu achando graça na saudade. Eu perdendo o peso da lembrança só pra rir de tudo. Eu ficando leve. Eu sentindo sono logo na infância da noite. Porque meu coração estava, enfim, descansado. Eu achando bom meu coração pousar assim: decidido e destrambelhado. ~

* * Marla de Queiroz