terça-feira, 23 de junho de 2009

Esse velho sentimento

O amor é uma questão de jeito
De trocar verbos
E esquecer pronomes,
De confundir palavras.

O amor precisa de manha
De riscos, de um fogo perene
De pouca sobriedade
De algum peso e nenhuma medida

O amor cai bem aos loucos
Aos desajustados,
Prefere os caminhos estranhos
De onde nem sempre saímos ilesos

Sonhar não basta
Sofrer não é o suficiente
Ser ridículo é só mais um instante
Dessa hora interminável de tempo

O amor não tolera o tédio
É piegas, profundo, desarticulado
Torto, altivo e às vezes até meio idiota

Inesperadamente desponta na noite
Chega como se fosse uma criança com frio
Não dá explicações
Simples e dissimulado escolhe
O canto que melhor lhe parece
E sem desenhar um único traço do destino
Enche o peito de coisas
Que não se consegue entender

Mas quem pode dizer-se humano
Se uma vez pelo menos
Ainda que para sentir-se no inferno
Não tenha procurado o amor?

O que nos salva
É o que nos falta
Coragem

E que tudo possa acontecer assim
Sem equilíbrio,
Sem nenhum palmo de terra
A sustentar os pés

Contando apenas
Com uma quase possível incerteza
Respirando um ar emprestado da insanidade
E acreditando que somos invencíveis

Velho sentimento
Que nos maltrata
Velho sentimento, tão antigo
Quanto os mais inacessíveis caminhos do mundo

Antonio Manoel Conceição

2 comentários:

  1. lindo...lindo...lindo...o que dizer perante tanta verdade, tanto sentimento...adorei seu blog...bjus carinhosos e sentimentais dessa doidinha que te gosta.......Lu.

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  2. Ei, Dê!

    Que honra receber a sua visita! E obrigado pelas doces palavras de carinho! Eu gostei tanto...

    O seu blog é lindo; os textos são maravilhosos! Belas escolhas!

    Te espero por lá! Sempre! :)

    Um beijooooo.

    Pedro Antônio - A TORRE MÁGICA - www.atorremagica.blogspot.com

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